quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Que saudades que eu tenho tuas!!

Há quanto tempo, não é?! A verdade é que não tem sido por andar muito ocupado com coisas realmente importantes, é que este ano, sem muito da escola para fazer, parece que estou em estado permanente de férias, nem tenho desenhado nada de jeito, vejam só! E tenho andado alheada da blogoesfera (diguemos de passagem que não é só dos blogs... mas pronto).
Tenho tanto para dizer, que não vou dizer nada, não vos vou massar com coisas blá blá blá whiskas saquetas.
Tenho andado a fazer composições fotográficas a oficina, e é um trabalho que me está a dar um gostinho especial (é que depois vou recriar a composiçã escolhida a grafite, tinta da china e aguarela e depois vou fazer uma espécie de ilustração como trabalho final, não é tão fixe?!)

Aqui ficam algumas das minhas preferidas (até agora, já tenho cerca de 350...)





Mais coisas... Ah! Fui algures numa terça passada à Faculdade de Belas Artes em Lisboa com umas amigas, e fiquei "WOW, vivo numa terrinha mesmo cheia de "Vamos ser todos iguais!"". Vou ter de me adaptar a um estilo de vida completamente diferente, mas tenho cá um feeling que vou adorar e me vou tornar numa pessoa completamente diferente. Próximo objectivo: sair daqui para fora! Mais... Yap, já me inscrevi na viagem de finalistas, ainda não sei é muito bem com quem vou...mas pronto, estou entusiasmada. Andorra, acho que vou gostar de ti!

E pronto, acho que ficamos por aqui.
Ah não, quero só deixar-vos um poema que encontrei ontem enquanto estudava Português:


Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que ideia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo? Não sei.

Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.


Poema quinto, Alberto Caeiro.
Este homem é um génio!

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